sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Louco é você!


Hoje senti uma necessidade incrível de compartilhar algo lindo aqui no blog.
Na aula de Ed. física e Saúde coletiva (Prof. Claudia Miranda) conheci uma organização que tem uma iniciativa maravilhosa, é um trabalho de RESGATE SOCIAL impressionante. 

CAPS - CENTRO DE ATENÇÃO PISICOSSOCIAL 

Seu objetivo é oferecer atendimento à população, realizar o acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo ACESSO ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e comunitários.  
Os CAPS, entre todos os dispositivos de atenção à saúde mental, têm valor estratégico para a Reforma Psiquiátrica Brasileira. Com a criação desses centros, possibilita-se a organização de uma rede substitutiva ao Hospital Psiquiátrico no país. Os CAPS são serviços de saúde municipais, abertos, comunitários que oferecem atendimento diário.


Infelizmente esse projeto não é bem divulgado, eu mesma não o conhecia. Na palestra, além da presença dos próprios residentes (que são os profissionais que trabalham neste projeto) e dos alunos dos cursos de Ed. física e Pedagogia, houve a participação de uma voz que não poderia faltar: um usuário (como são chamados) deste projeto. Como ele mesmo disse se a discussão norteia as questões sociais, pisicológicas e biológicas que envolvem o indivíduo que convive com um certo transtorno mental, então como não ouvir a sua VOZ, o seu ponto de vista que vai desde a sua necessidade às suas contribuições contextuais?

Me encantei muito apenas pelo fato de saber que pessoas literalmente excluídas da sociedade, colocadas em manicômios, hospícios e até mesmo nas ruas vivendo  a mercê podem contribuir de maneira importantíssima para a mesma. Mas fiquei triste por saber que o governo não divulga este trabalho como deveria, e a própria mídia, ou seja, as relações de poder preferem deturpar o contexto do projeto. De acordo com R, o usuário, o governo gastaria 5x mais com um internamento do que com um tratamento nesse projeto. Então qual a demora?

R, como vou chamá-lo, como ele mesmo nos contou, foi escolhido entre o grupo para representá-los. O discurso de R era de ESTRAÇALHAR PARADIGMAS. A ideia de que louco é louco mesmo e tem que viver totalmente isento dos direitos no que diz respeito a cidadania está implícita e muitas vezes explícita nos espaços sociais. A ingestão de remédios fortíssimos não é a única forma de tratamento. Nem muito menos os choques elétricos podem ser concebidos como um aliado ao tratamento. R citou a questão da discriminação, do preconceito. Esse sim é uma DOENÇA! As pessoas estão doentes e não enxergam isso. R contou que passou por momentos terríveis, já viveu até como andarilho e quando se internava não ficava distante dessa realidade, tinha que passar por todo esse SOFRIMENTO. Após participar no CAPS lá de de Minas Gerais, isso depois de quase 20 anos de sua vida, foi tocado, enxergado, visto como um ser, visto como um HOMEM.

E para isso foi preciso que alguém a partir de um pequeno gesto lhe desse apenas uma OPORTUNIDADE. Quando você sai nas ruas e vê tantas pessoas passando por necessidades o que sente? Eu me pergunto cadê a justiça?; Cadê os direitos?; Cadê a comida?; Cadê o mínimo?; Cadê o digno?

Vale ressaltar que sinceramente gente, se ele não tivesse dito antes que tinha bipolaridade, escrisofenia e epilepsia, que já tinha tomado gardenal, rivotril... e que estava tomando um outro medicamento que agora não me recordo o nome, JAMAIS pensaria que ele tinha algum transtorno mental, e olhe que observo muito as pessoas!
Houve também a citação da história de um outro rapaz que chegou no CASP, aqui mesmo de Salvador com um estado muito debilitado devido a ingestão dos remédios, e que por fim, só para resumir, se destacou como um grande desenhista. E outro também que é um ótimo webdsigner! Inclusive são os autores do logotipo do projeto (que ainda está em andamento) NÓS PODEMOS!

Ah não tenho mais o que dizer, eles estão simplesmente de parabéns!
Além disso o trabalho também é feito com crianças, jovens, dependentes químicos enfim é realmente um trabalho de resgate social. Cada CASP tem a sua finalidade em sua comunidade.

Se vocês conhecem alguém na família ou na rua que têm algum transtorno, alguma dependência e se você vê nele uma grande possibilidade de inclusão, busque o CASP. Esta organização não visa obrigar ninguém a nada. É um trabalho coletivo, feito em conjunto com a sociedade e principalmente com a família do usuário!          

RESPEITE AS DIFERENÇAS!

Um beijo, até a próxima!

Um comentário:

  1. Obrigado Chai pela divulgação desse trabalho bonito, vou espalhar. Nós podemos!!!
    Bjs.

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